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  • Foto do escritorAssoc. Pediátrica Viana

Vacinação COVID-19 em idade pediátrica



Com o avançar do plano de vacinação COVID-19 em Portugal e a autorização da primeira vacina em idade pediátrica é natural surgirem múltiplas questões. Ainda não temos resposta a muitas das perguntas que gostaríamos, mas eis o que sabemos:


Como é a doença em idade pediátrica?

As crianças e jovens, tal como os adultos, podem ser infetadas pelo vírus Sars-Cov-2, responsável pela COVID-19, apresentando sintomas da doença ou mantendo-se assintomáticos. A maioria das crianças infetadas com COVID-19 têm sintomas ligeiros, no entanto, algumas podem contrair formas graves da doença, nomeadamente dificuldade respiratória. Foi também associada à COVID-19 o aparecimento de uma patologia grave em idade pediátrica - Síndrome Inflamatório Multissistemico (MIS-C).



Agora que várias vacinas estão disponíveis em Portugal – Pfizer, Moderna, Astrazeneca e johnson&johnson – quando é que a minha família vai ser vacinada?

Neste momento, grande parte da população adulta está vacinada com pelo menos uma dose de alguma das vacinas disponíveis. Iniciou-se recentemente o agendamento da vacinação para maiores de 23 anos, prevendo-se que progressivamente esteja aberto o agendamento da vacinação para todos os maiores de 18 anos. Prevê-se que a imunidade de grupo em Portugal, ou seja, o atingimento de cerca de 70% da população vacinada, aconteça já no mês de agosto. Neste momento, 68% da população tem pelo menos uma dose, enquanto que 55% têm a vacinação completa.

No entanto, com o crescimento da variante delta, esta imunidade pode apenas ser atingido quando 85% da população estiver vacinada, o que se estima que aconteça em setembro.

Porque é que as vacinas não ficaram disponíveis para todos de imediato?

O processo de produção das vacinas é complexo e demorado, pelo que as farmacêuticas não conseguem produzir vacinas suficientes para cobrir toda a população imediatamente. Nesse sentido, inicialmente, foi dada a prioridade a grupos de risco, estando agora a decorrer a vacinação por idade. No entanto, a vacina estará disponível para toda a população – a vacinação será universal e gratuita.

Para que idades estão as vacinas aprovadas?

A vacina da Pfizer já está autorizada na Europa para maiores de 12 anos, apresentando uma resposta imunitária no grupo dos 12-15 anos semelhante aos adultos até aos 25 anos.

As vacinas da Moderna, Astrazeneca e Johnson&Johnson estão autorizadas para maiores de 18 anos.

Com a aprovação da vacina a partir dos 12 anos, quando é que o meu filho a vai receber?

Ainda não existe data estipulada no plano de vacinação português para a vacinação de adolescentes com mais de 12 anos. Atualmente está a ser ponderado o benefício do início da vacinação desta faixa etária antes do próximo ano letivo, no entanto, ainda não foi divulgada a decisão da Direção Geral de Saúde.

E vacinas para menores de 12 anos, para quando?

Já estão a decorrer vários ensaios clínicos com crianças entre os 6 meses e os 11 anos, nomeadamente das vacinas Pfizer e Moderna. A vacina da Johnson&Johnson está a ser testada em adolescente entre os 12 e os 17 anos. Relativamente a Astrazeneca, o ensaio clínico em idade pediátrica foi interrompido em abril de 2021 para mais estudos de segurança da vacina em populações jovens.

Porque é que a vacina para adultos não foi aprovada para crianças ao mesmo tempo?

O sistema imunitário das crianças é diferente do dos adultos. Mesmo entre crianças e adolescentes há diferenças de acordo com a idade. Por isso, são necessários estudos dirigidos à população em idade pediátrica e as vacinas aprovadas para os adultos não poderiam ser simultaneamente aprovadas para crianças.

Como é que as vacinas disponíveis em Portugal funcionam?

As vacinas da Pfizer e Moderna contêm uma partícula de material genético do vírus – mRNA – que ao entrar nas células do organismo produz uma proteína do vírus – proteína S (spike) – que ativa o sistema imunitário e causa uma resposta que conduz à imunidade. Com estas vacinas não estamos a introduzir o vírus, apenas uma molécula mensageira que permite a criação de resposta pelo sistema imunitário.

As vacinas da Astrazeneca e Johnson&Johnson contêm parte do DNA do vírus inserida numa partícula que impede que este se replique. Este DNA leva à produção da mesma proteína que as outras vacinas – proteína S (spike) – que ativa a resposta imunitária.

Quantas doses da vacina são precisas para a vacinação ser eficaz?

A vacina da Pfizer necessita da administração de 2 doses, com 21 dias de intervalo para atingir a imunidade desejada. A vacina da Moderna também prevê a administração de 2 doses, com 28 dias de intervalo. A vacina da Astrazeneca necessita de 2 doses com intervalo de 12 semanas.

A vacina da Johnson&Johnson apenas necessita de 1 dose.

As vacinas aprovadas são seguras? Quando chegar a vez da minha família devemos ser vacinados?

No processo de desenvolvimento e aprovação das vacinas contra a COVID-19 disponíveis em Portugal foi garantida a sua segurança, eficácia e qualidade. Todas as vacinas foram estudadas através de ensaios clínicos e rigorosamente avaliadas pela Agência Europeia do Medicamento, tal como é feito com qualquer outro medicamento ou vacina.

Quanto maior percentagem da população estiver vacinada, mais próximos estaremos de atingir a imunidade de grupo, que diminuirá a propagação do vírus responsável pela COVID-19. Assim, é importante que todas as pessoas sejam vacinadas.

A vacina tem efeitos secundários?

Tal como qualquer outro medicamento, a vacina pode apresentar alguns efeitos secundários. A maioria são ligeiros e de curta duração. Os efeitos secundários mais frequentes são: dor, vermelhidão ou inchaço do local da injeção, cansaço, dor de cabeça, dores musculares, dores nas articulações e febre. Geralmente estes sintomas duram cerca de 1 a 2 dias, embora os sintomas do local da injeção possam durar mais tempo.

Quanto tempo dura a imunidade pela vacina? Vai ser necessário ser vacinado todos os anos?

A duração da imunidade concedida pela vacina ainda é desconhecida. Para já sabe-se que as vacinas da Pfizer e Moderna garantem imunidade por, pelo menos, 6 meses após a 2ª dose. Recentemente, a Pfizer pediu autorização para a introdução de uma 3ª dose da sua vacina, no entanto, quer a Agência Europeia do Medicamento como a americana (FDA) e a Organização Mundial de Saúde, consideram que, para já, esta não se justifica. No entanto, com o tempo teremos mais informação relativamente à duração da imunidade e necessidade ou não de novas doses.

Após a toma da vacina é possível transmitir a doença?

A vacina protege quem a recebe de desenvolver sintomas da doença ou doença grave. Embora pareça que a vacinação diminui a probabilidade de transmissão em caso de infeção assintomática, ainda são necessários mais estudos. Assim, torna-se importante manter as medidas de distanciamento físico, uso da máscara e higienização das mãos, bem como seguir as orientações da Direção Geral de Saúde.

Diariamente ouvimos falar de novas variantes, a vacina é eficaz para elas?

De facto, com a propagação do vírus têm surgidos várias variantes – a brasileira, a inglesa, a sul-africana e, mais recentemente, a indiana.

A vacina da Pfizer tem demonstrado eficácia contra as variantes brasileira, inglesa e sul-africana. Relativamente à variante indiana, esta vacina também parece ser eficaz. Também a vacina da Moderna se mostrou eficaz contra estas variantes, embora, aparentemente com uma ligeira diminuição da eficácia dos anticorpos na variante indiana.

A vacina da Astrazeneca parece mostrar alguma eficácia contra a variante indiana após as duas doses.

Relativamente a vacina da Johnson&Johnson esta parece ser eficaz contra a variante brasileira e sul-africana, onde foram concluídos estudos da eficácia da mesma.

No entanto, as farmacêuticas continuam a realizar testes acerca da eficácia das vacinas nestas novas variantes e consideram adaptar as novas doses produzidas para garantir a eficácia da vacina contra as novas variantes conhecidas. Está também a ser estudada a possibilidade de uma terceira dose, como reforço para garantir eficácia contra as variantes identificadas.

Se o meu filho tiver a doença sem eu saber (assintomático), é seguro ser vacinado?

A vacinação não parece trazer risco para as pessoas assintomáticas.

Não sei se o meu filho já esteve infetado, poderá fazer a vacina?

A infeção prévia por COVID-19 não parece influenciar a segurança da vacinação, portanto pode considerar-se seguro ser vacinado mesmo já tendo estado infetado.


A vacina pode causar doença grave, como o MIS-C?

O MIS-C é uma inflamação generalizada que pode afetar vários órgãos – pulmões, coração, rins, cérebro, intestino, pele ou olhos. Nos ensaios clínicos realizados até ao momento a vacina não resultou em casos conhecidos desta doença – MIS-C ou MIS-A (equivalente em adultos). A avaliação do ensaio clínico realizado pela Pfizer em jovens entre os 12 e os 16 anos não permite tirar conclusões específicas acerca do MIS-C como consequência da vacinação, no entanto, a vacina tem mostrado um bom perfil de segurança.


Sem dúvida que vacinação será uma arma importante na luta contra a pandemia por COVID-19.

Os adolescentes têm representado um número significativo de novas infeções por COVID-19, contribuindo para a transmissão do vírus dentro do agregado familiar. Por outro lado, tem-se verificado um maior número de internamentos em adolescentes por COVID-19, comparativamente com o vírus da gripe em anos anteriores (nomeadamente o H1N1 em 2009). Este grupo apresenta também cerca de 20% dos casos de MIS-C reportados, o que se trata de um valor significativo. Assim, a vacinação dos jovens acima dos 12 anos mostra ser um claro benefício.

Relativamente às crianças com menos de 12 anos, temos ainda que aguardar pelo resultado dos ensaios clínicos em curso.

De ressalvar que este tema está em permanente atualização, quer pela evolução do vírus, quer pelas descoberta e conclusões dos estudos e ensaios clínicos em curso. Com o passar do tempo, muitas das nossas questões terão resposta, entretanto nunca é demais reforçar o cumprimento das medidas de proteção – lavagem correta e frequente das mãos, etiqueta respiratória, uso de máscara e distanciamento físico.


Site oficial da DGS:


 

Autores:

Catarina Soares, Medicina Geral e Familiar, ULSAM

Cátia Juliana Silva, Juliana Maciel, Serviço de Pediatria, ULSAM


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