As doenças do aparelho respiratório são motivo frequente de observação médica. A sibilância representa um sinal frequente, e dado que pode ocorrer de forma recorrente, assume enorme relevância e impacto.
A Sibilância corresponde ao som respiratório que resulta da obstrução do fluxo de ar nas vias respiratórias. Em linguagem comum utilizam-se termos como “gatinhos no peito” para descrever sibilância.
Sibilância recorrente define-se como a manifestação de ≥ 3 episódios de sibilância nos 3 primeiros anos de vida ou ≥ 3 episódios no último ano.
Causas
As causas mais frequentes são as infeções respiratórias víricas e a asma. No entanto, várias outras patologias poderão estar subjacentes.
Sinais e sintomas
Os sintomas típicos de uma crise de sibilância incluem tosse, pieira e sensação de falta de ar. Podem surgir sinais de dificuldade respiratória (respiração mais rápida, o nariz a abrir e fechar ou a pele entre as costelas a ir “para dentro e para fora” durante a respiração) e maior cansaço nas atividades da vida diária.
Sendo uma das principais causas as infeções respiratórias víricas, habitualmente surgem simultaneamente sintomas como obstrução nasal, escorrência nasal e febre.
Em situações de asma e tendo em conta que esta geralmente tem uma base alérgica, habitualmente os sintomas são desencadeados pela exposição a alergénios (ácaros, pólenes, epitélios de animais). No entanto, os sintomas de asma podem também ser desencadeados pela exposição a diversos estímulos como infeções respiratórias, esforço (exercício, choro, riso) ou irritantes (frio, fumo de tabaco).
Como atuar
Num primeiro episódio de sibilância, a criança deve ser observada por um médico para avaliação.
Em casos de sibilância recorrente é importante os pais e/ou cuidados identificarem os sintomas e iniciarem o tratamento de crise. No entanto, as crianças que apresentem sinais de dificuldade respiratória de agravamento progressivo e sem melhoria significativa após a medicação devem também ser observadas por um médico.
Tratamento
O objetivo do tratamento farmacológico é controlar os sintomas e prevenir as crises.
Neste sentido o tratamento consiste em 2 vertentes: tratamento de alívio ou de crise que permite um alívio rápido dos sintomas e tratamento de controlo ou manutenção para prevenção da ocorrência de crises.
Em caso de episódio agudo de sibilância, é necessário iniciar de imediato o esquema terapêutico de crise prescrito pelo seu médico, que geralmente inclui:
Colocar a criança em ambiente calmo
Administrar broncodilatadores de curta ação, sendo o medicamento mais usado o SALBUTAMOL. Para a administração do fármaco existem vários dispositivos disponíveis, nomeadamente os inaladores com câmara expansora e máscara facial/peça bucal, que são os mais indicados na maioria das situações para crianças pequenas.
Reavaliar os sintomas após o tratamento.
O tratamento de manutenção geralmente está indicado quando os episódios são muito frequentes ou quando são graves.
Evolução
A sibilância constitui uma entidade prevalente em idade pré-escolar e até aos 3 anos de idade 30 a 50% das crianças têm pelo menos um episódio. A entrada para creches e infantários em idade precoce é um fator de risco importante para o aparecimento de sibilância recorrente.
A maioria dos casos de sibilância recorrente é de carácter transitório e remite em idade escolar, no entanto, um grupo de doentes tem ou virá a ter asma no futuro.
Autores: Mariana Branco, Vera Gonçalves
Serviço de Pediatria da ULSAM
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