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  • Foto do escritorAssoc. Pediátrica Viana

Encontrei uma carraça no meu filho, e agora?


O que é a Febre da Carraça?

A febre da carraça, designada por Febre Escaro-Nodular, é uma zoonose (doença transmitida por animais) que acontece quando uma carraça infetada com uma bactéria denominada Rickettsia conorii pica um humano e lhe transmite este microrganismo. As carraças são artrópodes que parasitam um hospedeiro e se alimentam do seu sangue. O cão é um dos principais hospedeiros mas as carraças podem também parasitar outros animais como o gato e o gado suíno e bovino. São necessárias cerca de 6 a 20 horas de contacto da carraça com o homem para que a infeção seja transmitida. Mas não é por ter sido picada por uma carraça que uma criança vai ter, obrigatoriamente, febre da carraça.

É uma doença que ocorre principalmente nos meses quentes da Primavera e Verão, preferencialmente em zonas rurais. As crianças são um grupo particularmente vulnerável porque mantêm uma relação próxima com os animais domésticos e estão mais em contacto com o solo.


Quais são os sintomas?

O período de incubação assintomático típico pode variar entre 6 a 12 dias. A febre da carraça caracteriza-se pela tríade clássica: febre, exantema (manchas na pele) e escara de inoculação (crosta escura no local de picada da carraça semelhante à da figura 1). O primeiro sintoma a aparecer é a febre e normalmente acompanha-se de dores de cabeça intensas e dores musculares. O exantema surge 3 a 5 dias depois, de tonalidade rósea ou arroxeada, inicia-se nos membros inferiores e generaliza-se para o tronco e membros superiores, atingindo as palmas das mãos e plantas dos pés. A escara é normalmente escura e por vezes pode estar em locais de difícil identificação como o couro cabeludo.


Figura 1 - Escara de inoculação (Fonte: Castro Jiménez R, García Gallego J, Redondo Pedraza R, Quero Espinosa B. Fiebre botonosa mediterránea: a propósito de dos casos en área de asistencia primaria urbana. Med Fam Semer]. 2006 Jan 1;32(1):36–40.)

O que devo fazer quando o meu filho for picado por uma carraça?

Deve remover as carraças encontradas com uma pinça de bordos lisos introduzindo-a entre a cabeça da carraça e a pele, removendo-a na totalidade, puxando de forma lenta, constante e firme (como indicado na figura 2). Não deve ser usado azeite ou vaselina pois o calor pode levar à regurgitação de saliva para o hospedeiro e aumenta a probabilidade de infeção. Sempre que retirar carraças proteja as mãos, usando luvas. Após remover a carraça, a área picada deve ser lavada com álcool ou água e sabão.


Figura 2 - Como remover a carraça (Fonte: https://www.cdc.gov/ticks/pdfs/FS_TickBite-508.pdf)

Quando devo recorrer a assistência médica e qual é o tratamento?

Se a criança foi picada por uma carraça deve-se vigiar os sintomas. Nem todas as carraças estão infetadas com a bactéria Rickettsia conorii e muitas não estão em contacto com o homem tempo suficiente. Caso a criança apresente febre, dores de cabeça, dores musculares, manchas na pele, crosta de picada de inseto escura após ter sido picada por uma carraça ou caso haja suspeita de que tal possa ter acontecido, deve recorrer a assistência médica para que seja feito o diagnóstico.

O tratamento da Febre da Carraça é feito com antibióticos adaptados à idade e peso da criança (como a doxiciclina ou a azitromicina, por exemplo).


Como se pode prevenir?

Trata-se de uma doença que pode ser grave por isso é essencial seguir os seguintes passos:

  • Desparasitar os animais de estimação segundo as recomendações do veterinário;

  • Em áreas de elevada incidência da doença, usar repelentes de insetos que podem ser aplicados na pele ou nas roupas (não se deve aplicar em mucosas, nem em zonas que a criança leve frequentemente à boca);

  • Nas atividades ao ar livre: usar roupas compridas (de forma a expor a menor superfície corporal) e claras (para que possam ser identificados insetos);

  • Cuidados de higiene diários com inspeção de roupas, pele e couro cabeludo principalmente após idas ao campo.

 

Autores:

Sandra Ferraz, Mariana Costa, Serviço de Pediatria ULSAM

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