Os acidentes, nomeadamente os afogamentos, ocupam o primeiro lugar nas causas de morte e incapacidade temporária e permanente em crianças e adolescentes.
O afogamento na criança, ou acidente por submersão, é um acontecimento trágico, rápido e silencioso, que pode ocorrer em muito pouca água. Habitualmente ocorre em ambientes familiares como a banheira, tanque de roupa ou rega, poço, piscina, rio, praia ou mesmo baldes e alguidares.
O problema dos afogamentos não se restringe aos casos fatais. Os casos que resultam em hospitalização apresentam normalmente um prognóstico reservado, e nos casos em que as crianças ou adolescentes sobrevivem, podem ficar com lesões neurológicas permanentes com impacto a diferentes níveis, nomeadamente de saúde, sociais e económicos.
Estima-se que mais de 80% dos casos de afogamento podem ser prevenidos através da adoção de estratégias específicas e complementares. As estratégias para reduzir os afogamentos e as suas consequências devem incluir a adopção de medidas gerais de prevenção como a vigilância ativa e permanente, a adaptação do ambiente físico, a utilização de auxiliares de flutuação e a intervenção adequada em caso de afogamento.
Medidas de Prevenção
Manter uma vigilância ativa e permanente sempre que as crianças estejam a tomar banho, a brincar na água ou perto de locais com água (banheira, tanques, poços, piscinas insufláveis, piscinas, rios, praias...).
Verificar o ambiente físico do dia a dia da criança e fazer as alterações necessárias para reduzir o risco de afogamento - casa de banho, zona de lavagem de roupa ...
Proteger/cobrir tanques e poços.
Proteger as piscinas:
Colocar uma vedação eficaz: com 4 paredes sólidas e estáveis, de modo a não permitir a passagem de uma criança por cima ou por baixo. Deve ter um portão ou cancela que se feche automaticamente, sempre que alguém o utilize, com o puxador colocado na face interna do portão. A vedação não pode ser escalável e deve ter alguma transparência, de forma que o recinto da piscina seja visível do exterior.
Certificação de que os mecanismos de aspiração da água estão devidamente protegidos por grelhas, que evitam a aspiração de partes do corpo.
Existem outras barreiras físicas tais como as coberturas rígidas, eletrónicas ou manuais, mas para que sejam eficazes deverá assegurar-se de que estão sempre fechadas quando não está nenhum adulto a utilizar a piscina. As coberturas maleáveis não são indicadas para evitar o afogamento uma vez que facilmente acumulam água e permitem que uma criança escorregue por baixo delas.
Escolher locais vigiados para tomar banho e nadar (piscinas, rios, praias) e respeitar os sinais das bandeiras e as instruções dos nadadores-salvadores.
Colocar sempre braçadeiras às crianças quando estão a nadar ou a brincar perto de águas. Estes dispositivos devem obedecer às normas de segurança e ser adaptados ao tamanho e peso da criança.
Na prática de desportos náuticos ou passeios de barco, colocar a todas as crianças, independentemente da sua idade, coletes salva-vidas. Estes dispositivos devem obedecer às normas de segurança e ser adaptados ao tamanho e peso da criança.
É de notar que as bóias e colchões não são equipamentos de proteção. São brinquedos que podem tornar-se perigosos: viram-se facilmente e são arrastados com o vento ou ondulação.
Ensinar as crianças a nadar tão cedo quanto possível (as aulas de natação ajudam as crianças a saber nadar, boiar e a identificar situações perigosas).
Ensinar às crianças, à medida que vão crescendo e de forma adaptada à sua idade e fase de desenvolvimento, as regras de segurança na água explicando os riscos - nunca nadar sozinha; nadar paralelamente à margem; não mergulhar em locais onde se desconhece a profundidade; nadar apenas quando estiver um adulto presente e em locais vigiados.
Como atuar em caso de Afogamento
A colocação de equipamento de socorro e salvamento no local (piscinas, rios, praias), que permita uma atuação rápida e eficaz em caso de acidente, são medidas que contribuem para a redução do afogamento e suas consequências.
Ao identificar um caso de afogamento, chamar ajuda e ligar o 112. Não entrar na água para tentar salvar sem o devido equipamento de socorro.
A formação em suporte básico de vida pode ser determinante no salvamento de uma criança ou adolescente.
A forma mais eficaz de prevenção do afogamento é o controlo do acesso à água e apenas uma vigilância ativa por parte de adultos permite uma prevenção eficaz.
Autores: Mariana Branco, Ana Catarina Carneiro
S. Pediatria ULSAM
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