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  • Foto do escritorAssoc. Pediátrica Viana

A cabeça do meu bebé: plagiocefalia posicional


O que é a Plagiocefalia?


Do grego plagios (oblíquo) + kephale (cabeça), plagiocefalia é um termo geral que engloba as assimetrias cranianas, referindo-se ao formato assimétrico da cabeça (cabeça oblíqua). A principal característica é o achatamento da região occipital (região posterior da cabeça) de um dos lados, com proeminência do frontal do mesmo lado. Para além destas deformidades mais evidentes, outras assimetrias complexas envolvendo a face e a base do crânio também podem estar presentes.



As plagiocefalias podem ser classificadas em sinostóticas, causadas pelo encerramento precoce de uma ou mais suturas (a zona de união entre os ossos do crânio) e que requerem correção cirúrgica, ou deformacionais, causadas por forças externas actuando sobre o crânio.


A prevalência da plagiocefalia é bastante elevada, tanto em bebés com poucas semanas como em crianças até os dois anos de idade, podendo afetar uma de cada três crianças.


O que causa a Plagiocefalia?


Os crânios dos bebés são relativamente finos e flexíveis, pelo que se podem deformar facilmente quando sujeitos a pressões externas. Esta flexibilidade é evidentemente necessária durante o parto para permitir a passagem da cabeça do bebé pelo canal do parto sem lesões, no entanto torna também o crânio do recém-nascido mais suscetível de sofrer deformações. Também é normal que alguns bebés tenham tendência para rodar a cabeça mais para um dos lados. A zona da cabeça que passa mais tempo apoiada pode assim sofrer um achatamento.


Desde a introdução da campanha de prevenção da síndrome da morte súbita do lactente pela American Academy of Pediatrics em 1992, que recomenda que os bebés durmam de barriga para cima, verificou-se um aumento muito significativo de crianças com plagiocefalia posicional.


A plagiocefalia pode também ter origem pré-natal (ou seja, quando o feto ainda está na barriga da mãe) causada pelas pressões intra-uterinas que o feto sofre. Alguns autores sugerem ainda que a cabeça do bebé pode ficar deformada durante o parto ao ser comprimida pelo sacro e pelo osso púbico da mãe. Não obstante, actualmente não é possível estabelecer com total segurança se a plagiocefalia tem início no útero ou após o nascimento. Sabe-se que alguns bebés apresentam já na altura do nascimento um achatamento da região posterior do crânio, principalmente se houve um trabalho de parto prolongado, uso de ventosas ou fórceps ou posicionamentos anormais do feto.


A presença de torcicolo poderá também estar associado à plagiocefalia, apesar de não se saber ainda se é o torcicolo que origina a plagiocefalia ou se o torcicolo aparece apenas como consequência de o bebé ter a cabeça sempre rodada para a sua posição de conforto.


A Plagiocefalia pode atrasar o desenvolvimento?


Vários estudos relacionam a plagiocefalia com atraso do desenvolvimento. Num destes estudos as crianças em idade pré-escolar e que tiveram plagiocefalia posicional apresentavam atraso de desenvolvimento, principalmente na linguagem e no desenvolvimento cognitivo. Noutro estudo relacionou-se a plagiocefalia posicional com atraso de desenvolvimento motor e a necessidade de ensino especial durante a idade escolar. No entanto, é importante salientar que nenhum estudo conseguiu ainda estabelecer se a plagiocefalia é a causa do atraso de desenvolvimento ou apenas uma consequência em crianças que já possuam à nascença de algum tipo de atraso motor.


Em que consiste o tratamento da Plagiocefalia?


O tratamento da plagiocefalia consiste principalmente na Osteopatia, na Fisioterapia, e na utilização de capacete nas situações mais graves. Deve ter início antes dos 6 meses, visto que 85% do crescimento do crânio ocorre no 1º ano de idade. Depois dessa idade a correção é muito mais lenta.


A Osteopatia consiste na aplicação de técnicas manuais para melhorar a função e aliviar tensões do corpo. O osteopata irá trabalhar sobre cada uma das suturas do crânio do bebé de forma a flexibilizar as zonas rígidas e achatadas e promover um crescimento mais homogéneo e simétrico da cabeça. O osteopata poderá também mobilizar suavemente a região da coluna vertebral, bacia e ancas do bebé de forma a equilibrar tensões. As técnicas osteopáticas utilizadas em pediatria são extremamente suaves e seguras, existindo vários estudos que comprovam a eficácia da Osteopatia no tratamento da plagiocefalia com apenas uma sessão por semana.


A fisioterapia para a plagiocefalia consiste principalmente em técnicas de massagem e de estiramento dos músculos do pescoço e na estimulação psicomotora, existindo também diversos estudos a comprovar a eficácia do tratamento de fisioterapia no tratamento da plagiocefalia.


A Plagiocefalia melhora sem tratamento?


Apesar de os pais identificarem a plagiocefalia antes dos 2 meses de idade, ainda é muito usual atrasar o início do tratamento com o intuito de verificar se com o tempo a plagiocefalia se corrige. Infelizmente, a experiência clínica e os dados disponíveis de inúmeras crianças não tratadas sugerem que na ausência de tratamento a plagiocefalia se mantém. Um estudo demonstrou mesmo que apesar de algumas crianças com plagiocefalia poderem melhorar sem tratamento, outras podem mesmo piorar.


O meu bebé tem plagiocefalia, o que devo fazer?


  • Procure um diagnóstico definitivo junto do seu pediatra ou médico de família;

  • Caso o diagnóstico de plagiocefalia tenha sido estabelecido, inicie o mais precocemente possível os tratamentos de fisioterapia ou de osteopatia (lembre-se que a maleabilidade do crânio se vai perdendo coma a idade). Em situações pouco graves, o tratamento de Fisioterapia, de Osteopatia, ou combinados, é a melhor opção;

  • Apesar de o bebé ter que dormir de barriga para cima, deve ser posicionado alternadamente de ambos os lados, podendo ser utilizada uma pequena almofada ou cobertor enrolado atrás das costas;

  • O bebé deve ser colocado de barriga para baixo, pelo menos 3 vezes ao dia durante 5 minutos (sempre com supervisão dos pais), para fortalecer os músculos do pescoço.

 

Autor: Miguel Faria

Licenciado em Fisioterapia desde 2001 e formado em Osteopatia desde 2006, possuindo cédula profissional de Fisioterapia e de Osteopatia.

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