O que é a APLV?
A APLV ocorre quando as proteínas do leite de vaca, presentes no leite materno ou nas fórmulas infantis convencionais, são reconhecidas pelo organismo do bebé como elementos estranhos. É a alergia alimentar mais frequente na criança.
A que se deve?
A APLV deve-se a uma falha no mecanismo de tolerância às proteínas do leite de vaca. Esta falha resulta de uma predisposição genética e imaturidade do sistema imunológico, sendo mais frequente nos 6 primeiros meses de vida. Geralmente é transitória resolvendo nos primeiros anos de vida (50% resolve até ao ano, 70% aos 2 anos e 30% aos 3 anos).
Quais são os sintomas?
Sintomas mais frequentes:
Cutâneos (urticária, edema dos lábios ou de outras partes do corpo, eczema)
Respiratórios (tosse, pieira, dificuldade em respirar)
Digestivos (diarreia por vezes com sangue, vómitos, dor abdominal em cólica)
Má evolução do peso e crescimento
Recusa alimentar
Podem aparecer de imediato ou dias após a ingestão de leite de vaca ou derivados.
Pode ocorrer uma reação muito grave (anafilaxia) que pode provocar a morte.
Como se diagnostica?
O diagnóstico de APLV é clínico. Para confirmar podem fazer-se análises de sangue ou testes cutâneos. Quando há confirmação ou suspeita o médico recomenda suspender o leite de vaca e seus derivados.
Como se trata?
Eliminar da dieta do bebé o leite de vaca, os seus derivados e todos os produtos que possam conter proteínas do leite de vaca. O leite de vaca é substituído por leite hidrolisado, em que as proteínas estão fracionadas em pequenos fragmentos ou leites vegetais (como o de soja). Na substituição do leite de vaca deve evitar défices nutricionais. Fontes alternativas de cálcio: vegetais de folha verde (couve, bróculo, espinafre), leguminosas (feijão), frutos secos (noz, amêndoa) ou desidratados (figo, ameixa).
Quando desaparece?
Após ser retirado o leite de vaca da dieta, este só deverá ser reintroduzido por indicação do médico, após uma prova de provocação oral. Geralmente desaparece até aos 3 anos.
O que é a prova de provocação?
No hospital são administradas à criança doses pequenas e crescentes de leite de vaca durante algumas horas. Se sintomas persistirem: Ainda existe alergia – manter dieta sem leite Se sintomas ausentes: Alergia foi ultrapassada – o médico irá indicar reintrodução do leite de vaca, sob vigilância dos pais, que deverão suspender o leite de vaca caso surjam sintomas.
Conselhos gerais:
Eliminar da dieta o leite de vaca e todos os seus derivados.
Ler atentamente os rótulos dos alimentos.
As proteínas do leite de vaca podem aparecer com diversas denominações.
Os produtos rotulados como “não lácteos” podem conter leite.
Informar da alergia a todas as pessoas que cuidam da alimentação da criança.
Não alterar o tipo de leite sem indicação médica.
Alergia ao leite de vaca é diferente de alergia à lactose.
Alimentos proibidos:
Leite de vaca, cabra ou ovelha
Leite sem lactose
Iogurte
Manteiga
Margarina
Queijo
Requeijão
Leitelho
Pudim
Creme de leite
Nata
Chantilly
Leite condensado
Papa láctea
Alimentos/Ingredientes que podem conter leite:
Sopas pré-preparadas
Batatas fritas congeladas
Puré de batata pré-preparado
Molhos (bechamel; strogonoff)
Salame
Salsichas
Empadão
Rissóis/croquetes
Fiambre e enchidos
Quiches
Alguns pães (bicos de pato, pão de leite)
Bolachas
Cereais/barritas de cereais
Chocolate
Rebuçados
Ingredientes que indicam presença de leite:
Caseína
Coalho de caseína
Hidrolisado de caseína
Caseinato
Lactoglobulina
Lactalbumina
Soro/Soro de leite
Leite em pó
Lactulose
Lactato
Lactoferrina
Lactose
Leite evaporado
Leite desnatado
Autores: Ana Rita Araújo, Francisco Ribeiro Mourão, Susana Rodrigues
S. Pediatria ULSAM
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