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Convulsões febris

Foto do escritor: Assoc. Pediátrica VianaAssoc. Pediátrica Viana

As convulsões febris são experiências assustadoras. Nesta secção poderá encontrar a informação necessária para lidar adequadamente com esta entidade.


O que é uma convulsão febril?


É uma convulsão que surge associada a uma doença febril, geralmente durante a subida da temperatura corporal. Habitualmente, ocorre entre os 6 meses e os 6 anos de idade e pode aparecer aquando de infeções comuns, como otite, amigdalite, gastroenterite, …


Porque acontecem?


Os motivos exatos pelos quais surgem as convulsões febris não são conhecidos. Tem vindo a ser verificada uma tendência familiar, pelo que os fatores genéticos são importantes, embora possam haver outros envolvidos. Pensa-se que são causadas por uma imaturidade cerebral das crianças mais pequenas para lidar com a regulação da temperatura corporal. A convulsão, em si mesma, surge devido ao excesso de atividade elétrica no cérebro.


Como são as crises?


As manifestações mais frequentes são:

  • Perda de consciência

  • Olhar vago e parado ou revirar de olhos

  • Corpo hirto (fase tónica) seguido de tremores bruscos e repetidos dos braços e das pernas (fase clónica)

  • Lábios roxos

  • Movimentos de mastigação

  • Emissão de saliva ou espuma pela boca

  • Perda de urina ou fezes


A duração das crises é curta na maioria das vezes (menos que 5 minutos). Durante a crise, a criança não sente dor. Nos 15-30 minutos após a convulsão, o corpo fica mole e a criança pouco reativa e sonolenta. Depois, acorda bem.


A criança voltará a ter convulsões febris?


É possível. O risco de repetição é maior nas crianças com menos de 12 meses no momento do primeiro episódio ou se existir história de convulsões febris na família.


Como atuar?


Mantenha a calma, olhe para o relógio de modo a recordar a hora de início e de término da convulsão e siga a regra dos 3 S:

SEGURANÇA
STOP À FEBRE
STESOLID

Segurança


· Afaste a criança de potenciais perigos para que não se magoe;


· Deite a criança de lado, no chão ou numa superfície ampla e confortável, para que respire melhor e não se engasgue;


· Desaperte as roupas à volta do pescoço.



Stop à febre

· Coloque o termómetro na axila para medir a temperatura;


· Baixe a temperatura com paracetamol retal (supositório) e com toalhas humedecidas em água morna na face ou, se possível, no corpo despido.


Stesolid®


Não sendo um primeiro episódio de convulsão febril, já lhe terá sido receitado o medicamento para parar a convulsão – Diazepam retal (Stesolid®). Aplique-o do seguinte modo:


· Com a criança de lado, introduzir a cânula no ânus;


· Esvaziar todo o conteúdo no reto (deixe de espremer apenas quando tiver retirado a cânula);


· Manter as nádegas apertadas durante 2-3 min, para evitar que o produto saia.





Após a convulsão, se a criança fica a dormir, não tente estimulá-la.


Durante uma convulsão febril NÃO deve:

  • Puxar a língua ou colocar objetos na boca da criança (colheres, lenços, dedos)

  • Retirar objetos da boca da criança, nem dar líquidos a beber

  • Tentar parar os movimentos da criança

É necessário levar a criança ao hospital?


A criança deve ser avaliada num serviço de urgência hospitalar nas seguintes situações:

  • Primeiro episódio de convulsão febril

  • Duração da convulsão superior a 15 minutos

  • Ocorrência de mais do que uma convulsão febril no mesmo episódio de doença

  • Sintomas (como, por exemplo, os tremores) apenas numa parte do corpo

  • Convulsão febril que ocorre para além das primeiras 24 horas de febre

  • Presença de sinais de alarme: dores de cabeça, vómitos ou alterações da pele

Na maioria dos casos não são necessários exames complementares de diagnóstico. Em algumas situações, o médico poderá considerá-los indicados, principalmente para investigar a causa da febre.


É possível prevenir as convulsões febris? Como?


NÃO está recomendada a utilização de medicamentos aplicados na epilepsia.


Existem algumas medidas que deve adotar:

  • Estar atento aos primeiros sinais de doença e controlar a temperatura (embora não esteja provado que a utilização de medicamentos para a febre reduza a probabilidade de desenvolver convulsões febris);

  • Informar a educadora e outros cuidadores, como por exemplo os avós, da atitude a tomar em caso de convulsão febril;

  • Colocar a bisnaga para a convulsão e o supositório para a febre nos locais frequentados pela criança (creche, casa dos avós, ATL…) ou na sua mochila.

As doses de Stesolid® devem ser:

  • Crianças até aos 3 anos 5 mg

  • Crianças maiores que 3 anos 10 mg


Quais as consequências das convulsões febris?


As convulsões febris são processos BENIGNOS e NÃO CAUSAM: epilepsia, lesões cerebrais ou atraso mental.
Das crianças com convulsões febris, cerca de 1-2% têm epilepsia mais tarde, um risco ligeiramente maior que o da população geral.
O prognóstico é excelente. A mortalidade é nula.
 

Autora: Vera Gonçalves

 
 
 

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